Eu via a faca de longe, não tão longe que não pudesse reparar no seu brilho convidativo. Eu ficava na minha e a faca, lá, brilhando como se dissesse: "Vem me pegar, eu sei que você me quer!".
E eu encarava a faca, apertando as mãos na cadeira, caso elas ousassem me desobedecer. Meu coração, aos saltos dentro de mim, fazia um "tum-tum" musical, como aquelas canções que hipnotizam.
As minhas pernas, essas sim, eu não conseguia controlar. Elas tremiam, pra cima e pra baixo, como se tivessem vontade própria. Mas eu não cederia às suas vontades assim tão fácil. E desse jeito eu lutaria (até o fim?), com a força de vontade de um guerreiro.
Porém, a vontade se foi, mas a força ficou. E foi com ela que eu fui até a faca. Segurei-a em minhas mãos com força, eu precisava, antes de tudo, possuí-la, sentir seu ferro tão sólido e gelado, precisava ver o brilho que tanto me convidava e que, agora, brilhava também em meus olhos.
Por uns instantes fiquei parada com a faca na mão. Oh! Que sublime sensação era aquela... só me faltava algo para cortar, aí sim, minha felicidade estaria completa...
E eu olhei pela cozinha... lá estava ele, tão quietinho, tão quentinho, tão ali... então eu fui. Pé-ante-pé, em um silêncio tão severo que nem as moscas se atreveram a sair do lugar. Levantei a faca, respirei fundo e... Ataquei!
E não só cortei! Rasguei, picotei e comi cada pedacinho como se desfrutasse da maçã proibida. Agora sim, estava satisfeita.
Culpa? Sim, eu senti. Acabei com a dieta e com o bolo da Dona Filó. Mas ela me perdoa, disso eu tenho certeza.
*Perdoem os possíveis erros de digitação, tô meio ceguinha hoje kkkkkk
Beijocas!