domingo, 25 de março de 2012

Você não vai cair.

Nossas mãos.

Precisávamos atravessar uma enxurrada meio grande, ela atravessou confiante e eu permaneci parada, com medo de atravessar e cair no meio daquela água barrenta. Só Deus sabe o que poderia estar escondido lá dentro. Tenho as pernas curtas, poxa! Imagina se eu caio e me ralo toda? Mil e uma tragédias diferentes passavam pela minha mente.

Ao virar-se e me ver parada com uma expressão assustada, ela me olhou com aquele olhar maternal que usa quando eu tenho medo e disse:

- Vem, Ismália, você não vai cair!

Eu fui e não caí. Encontrei com ela do outro lado. Estávamos do mesmo lado agora, uma do lado da outra, como sempre foi.

Nossas palavras possuem o poder de abençoar e amaldiçoar, principalmente aos que estão próximos de nós. Na verdade, eu precisava apenas de um estímulo, apenas de alguém pra me dizer que eu tinha capacidade e que tudo ia dar certo. Naquele momento, a voz dela soava como um empurrão, que me levou em segurança ao outro lado.

Naquelas poucas palavras, ela demonstrava o carinho que sentia por mim, mesmo inconscientemente. Os anos de amizade nos fazem engolir algumas palavras, talvez porque pensamos que os amigos são eternos, uma pena que não. Mas podemos dar provas sinceras de amor pelas nossas atitudes e essas sim, valem mais do que qualquer tesouro. Ela poderia ter atravessado e ido embora, mas me esperou ali e me encorajou a atravessar. As palavras, o vento leva, as atitudes ficam registradas no coração.

Texto dedicado a Edilaine, minha amiga, minha irmã.


A história que eu descrevi acima aconteceu hoje mesmo e eu achei bonito registrar. A todos os que possuem amigos: cuidem deles.
Beijocas, miau!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Droga.


Esta sou eu, aqui.
Desmanchando minha beleza em lágrimas
Engolindo minhas mágoas,
Salgadas.

Você aí, desligado.
Suspirando sossegado
A brisa morna do verão,
Malandrão.

Curtindo a sua vida torta.
Eu aqui que nem flor morta,
Murchando, sem cor,
Sem amor.

Mas meu choro é quieto,
Parece até que está tudo certo.
É, eu finjo muito bem...
Tristeza todo mundo tem.

Eu derramei meu coração
Em cada nota da canção.
E quero te ouvir chorar
Cada vez que você a escutar.

E se eu pareço uma vitrola quebrada
Falando toda hora em ser amada,
É porque eu sinto falta.
E a tua ausência,
Me mata.


Acho que o texto em si, dispensa explicações. Não é nada pessoal, surgiu naturalmente durante uma conversa com a minha amiga Sarah, onde eu dizia que o meu rímel não era à prova d'água e que toda vez que eu chorava, desmanchava minha beleza em lágrimas. A arte é assim, aparece em cada canto, em cada som, em cada frase. Às vezes barulhenta e às vezes silenciosa, simplesmente acontece. A todos vocês, o meu muito obrigada. Miau!


quinta-feira, 1 de março de 2012

Nada.

A  escrita, por vezes, é um exorcismo. A expulsão de palavras que sairiam de uma maneira ou de outra, inclusive na forma de ações. Quando um escritor pega a caneta e a encosta na folha, milhares de palavras se atropelam em sua mão, desesperadas e prontas para saírem de uma vez por todas!
São tantas palavras ansiosas por liberdade, por dizer algo, por fazer parte de um contexto, que às vezes...
Não sai nada.